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Sergipanos enfrentam pior seca em 60 anos

Foto Jadilson Simões 
Os sergipanos enfrentam a pior seca dos últimos 60 anos. As chuvas estão escassas há mais de cinco anos, e há mais de cinco meses que não chove. Mas esse cenário pode mudar ainda esse ano, com o Vórtce Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) que já se organizou sobre o Nordeste e pode trazer chuvas com trovoadas no final de dezembro e janeiro. “O VCAN é uma esperança para modificar esse quadro de seca. Mas é preciso aguardar até o final de janeiro para saber se houve ou não normalização climática”, informa o meteorologista Overland Amaral. 
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Sergipe (Fetase) informou que ainda não houve perda de cabeças de gado em Sergipe nos últimos anos como consequência da seca, mas esse quadro pode mudar já nos primeiros meses 2016. “Se não chover logo, iremos perder gado e, consequentemente, a produção do leite cairá”, avisa a secretária de Políticas Agrícolas da Fetase, Sônia Cristina dos Santos, que chegou ontem de Brasília, onde houve uma reunião para discutir os problemas enfrentados pelos nordestinos em decorrência da seca. 
Para ela, o período é extremamente crítico para os cinco mil agricultores existentes em todo o Estado. “Estamos muito preocupados também com a falta de água para o consumo humano e animal”, alerta. Segundo Sônia Cristina, quem tem mais sofrido com a seca são os sertanejos de Canindé de São Francisco, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória, Itabi, Frei Nova e Cumbe. Em Sergipe, a população afetada com a falta de chuva já chega a 177.135 pessoas. 

Produção leiteira em alerta
Se continuar sem chover até o próximo mês, haverá uma baixa na produção de leite já entre janeiro e fevereiro. O alerta é do secretário de Estado da Agricultura, Esmeraldo Leal. “Estamos esperando as chuvas com trovoadas acontecerem, só assim, passaremos a ter água e renovação da pastagem. Caso contrário, a produção de leite será afetada significativamente”, diz o gestor.
Segundo ele, só em Nossa Senhora da Glória, alto sertão, são produzidos 600 mil litros de leite por dia. “A previsão do IBGE para este ano é de um milhão 850 mil litros para este ano de 2015. Como não houve baixa significativa, devemos manter essa produção”, avisa. Ainda de acordo com Esmeraldo, houve um acréscimo de 20% em relação ao ano passado, ou seja, apesar da seca, os produtores fecharão o ano com uma produção de leite maior que o ano passado.
Ao contrário do leite, a seca impactou negativamente na produção do milho. “Tivemos esse ano uma perda de grãos significativa. Em alguns municípios do alto sertão conferiram perda maior que 50%. Os municípios do alto sertão tiveram perdas mais significativas, mas conseguiram, apesar da estiagem, do ciclo de chuva muito curto, aproveitar a silagem do milho, usado principalmente em ração animal.

Plano de emergência
Para tentar minimizar as perdas dos agricultores atingidos pela estiagem, o governo estadual colocou em prática um plano emergencial e, também, assinou adesão ao Seguro Safra e já disponibilizou a contrapartida no valor de R$ 1 milhão e 600 mil. O número de agricultores que perderam a produção e serão indenizados ainda não foi divulgado. O valor da indenização é R$ 850 por família.
Este ano a previsão é de um retorno de R$ 16 milhões do Seguro Sara para os dez municípios em situação de emergência, o que dá, segundo o secretário, 12 mil famílias. “No ano passado, o valor de retorno do seguro safra foi de R$ 13 milhões”, informa Esmeraldo Leal.
O gestor estadual acredita que os municípios sergipanos que solicitaram emergência, no total de dez, devem ser beneficiados com o Seguro Safra, mas até agora apenas quatro já foram aprovados, são eles: Canindé, Monte Alegre, Gararu e Aparecida.
Entre outras ações emergenciais elaboradas pela Secretaria de Agricultora do Estado, estão a limpeza das pequenas e médias barragens. “Estamos aproveitando a estiagem para retirar a lama das barragens, aumentando, portanto, a sua capacidade de armazenamento de água”, pontua Esmeraldo. 
A outra ação emergencial listada pelo secretário Esmeraldo Leal são mais poços artesanais. Para isso, o Governo do Estado já liberou recursos para a Cohidro cavar mais poços, conforme garante o gestor da pasta.

Cidades afetadas
No Estado, de acordo com a Defesa Civil, o número de cidades afetadas com a seca é dez: Canindé de São Francisco, Carira, Frei Paulo, Gararu, Itabi, Monte Alegre de Sergipe, Nossa Senhora da Glória, Poço Redondo, Poço Verde e Porto da Folha. 
Para atender uma população assistida, hoje estimada em 62.080 pessoas, foram disponibilizados 80 carros-pipa, segundo informou a Defesa Civil do Estado. Poço Redondo e Canindé de São Francisco são as cidades que mais estão sofrendo com a seca. Mas o município com o maior número de pessoas afetadas é Nossa Senhora da Glória, com 32.497; seguida por Poço Redondo, com 30.880 atingidos; e Porto da Folha com 27.146. O número de pessoas afetadas em Canindé de São Francisco é de 24.693.

Do Jornal da Cidade. 

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