Verão sergipano com 42ºC, o mais quente desde 1850
Foto André Moreira |
O verão deste ano será o mais quente registrado desde 1850, com temperaturas até 42 graus, e com previsão de chuva muito remota para aliviar o calor do sergipano. É o que revela o meteorologista Overland Amaral. “A situação é extremamente crítica e é associada pelo El Ninõ com aquecimento global. Resultado: nunca tivemos um período de primavera e verão com essas características, com temperaturas tão altas, seca e baixa umidade avassaladora”, avisa. Segundo ele, há municípios do interior do Estado que já registram mais de 40 graus.
A seca, que em Sergipe já atinge 177.135 pessoas, e as previsões meteorológicas para dezembro e janeiro têm preocupado os agricultores sergipanos, principalmente do alto sertão, onde alguns municípios tiveram perda maior da produção, chegando até 70%. Só para se ter uma ideia do tamanho da preocupação, 20 mil famílias afetadas se cadastraram no programa Seguro Safra, também conhecido como Garantia Safra, um tipo de seguro pago ao agricultor quando a quebra de safra é muito grande, mais de 50% da safra.
Para tentar minimizar as perdas dos agricultores atingidos pela estiagem, o governo estadual colocou em prática um plano emergencial e, também, assinou adesão ao Seguro Safra e já disponibilizou a contrapartida no valor de R$ 1 milhão e 600 mil. O número de agricultores que perderam a produção e serão indenizados ainda foi divulgado. O valor da indenização é R$ 850 por família. “No ano passado, R$ 13 milhões de retorno do Seguro Safra. A estimativa deste ano é mais que isso”, prevê o secretário de Estado da Agricultura, Esmeraldo Leal.
O gestor estadual acredita que os municípios sergipanos que solicitaram emergência, no total de dez, devem ser beneficiados com o Seguro Safra. Ainda de acordo com ele, gora em dezembro, algumas cidades onde o município já deu a contrapartida a exemplo de Poço Redondo devem receber a primeira parcela do seguro.
Ele explica que o Seguro Safra é uma parceria entre o Governo do Estado, o Governo Federal e os Municípios afetados. “Os governos estadual e federal já disponibilizaram recursos, agora faltam os municípios”, salienta Leal, ao ressaltar que, apesar desse cenário, em Sergipe, a safra de grão, principalmente milho, foi boa.
“Os municípios do alto sertão tiveram perdas mais significativas, perderam grande parte da produção de grãos, mas conseguiram, apesar da estiagem, do ciclo de chuva muito curto, aproveitar a silagem do milho, usado principalmente em ração animal.
Plano de emergência
Agora, a preocupação do Governo de Sergipe e dos produtores rurais é com a falta de água para o consumo humano e animal. Entre as ações emergenciais elaboradas pela Secretaria de Agricultora do Estado, estão a limpeza das pequenas e médias barragens, que acontecerão ainda neste mês. “Estamos aproveitando a estiagem para retirar a lama das barragens, aumentando, portanto, a sua capacidade de armazenamento de água”, pontua Esmeraldo.
A outra ação emergencial listada pelo secretário Esmeraldo Leal são mais poços artesanais. Para isso, o Governo do Estado já liberou recursos para a Cohidro cavar mais poços, conforme garante o gestor da pasta.
No Estado, de acordo com a Defesa Civil, a seca já atinge mais de 177 mil pessoas. O número de cidades afetadas também aumentou. Passou de oito para dez os municípios em estado de emergência, são eles: Canindé de São Francisco, Carira, Frei Paulo, Gararu, Itabi, Monte Alegre de Sergipe, Nossa Senhora da Glória, Poço Redondo, Poço Verde e Porto da Folha.
Para atender uma população assistida, hoje estimada em 62.080 pessoas, foram disponibilizados 80 carros-pipa, segundo informou a Defesa Civil do Estado. Poço Redondo e Canindé do São Francisco são as cidades que mais estão sofrendo com a seca. Mas o município com o maior número de pessoas afetadas é Nossa Senhora da Glória, com 32.497, seguida por Poço Redondo, com 30.880 atingidos e Porto da Folha com 27.146. O número de pessoas afetadas em Canindé do São Francisco é de 24.693.
El Ninõ e aquecimento
A previsão é de que o El Niño e o aquecimento global deixem o tempo assim, seco e abafado, sem chuva, durante a primavera e todo o verão. É o que reafirma o meteorologista de Sergipe, Overland Amaral, ao avisar que as temperaturas em algumas cidades do interior sergipano já chegam a 42 graus.
A baixa umidade do ar não tem dado trégua ao sertão sergipano. “A secura do ar já está no limite de risco para o ser humano, e isso é muito prejudicial. A pessoa pode passar mal, é muito desumano”, revela o meteorologista. Ele explica que a atuação no El Niño no Brasil provoca secas em algumas aéreas e o aumento das chuvas em outras, ocasionando profundas alterações meteorológicas.
O meteorologista reforça que as cidades que ficarão mais quentes neste verão serão Carira, Frei Paulo, Nossa Senhora Aparecida, Feira Nova, Graccho Cardoso, Glória, Monte Alegre, Canindé do São Francisco, Porto da Folha e Gararu. “O El Ninõ está instalado no Oceano Pacífico desde o início do ano e continuará interferindo na situação climática também de Sergipe”, confirma.
Overland diz que pode até chover no verão, mas não para regularizar a situação da seca nas dez cidades sergipanas afetadas. “O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento fora do normal das águas superficiais e subsuperficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Essa mudança de temperatura provoca uma modificação da circulação geral da atmosfera. No Brasil, o fenômeno se caracteriza por chuvas mais intensas nas regiões Sul e Sudeste e tempo mais seco nas regiões Norte e Nordeste”, esclarece.
Fonte Jornal da Cidade.
Post a Comment